As mulheres estão em maior número nos setores de comércio, indústria e serviços.

A participação das mulheres na vida econômica brasileira aumenta consideravelmente a cada ano. Cada vez mais mulheres buscam empreender, pois muitas delas querem uma atividade rentável que possa ser construída de forma autônoma e independente. De acordo com a pesquisa GEM Brasil 2015 (Global Entrepreneurship Monitor), o público feminino é mais expressivo do que o masculino, quando o assunto é a abertura de novos empreendimentos.

Os dados apontam que o empreendedorismo tem despertado mais interesse das mulheres. A proporção de “Empreendedores Novos” – os que têm um negócio com menos de 3,5 anos – é maior entre elas: 15,4% contra 12,6% de homens. O estudo constatou ainda que as representantes do sexo feminino empreendem movidas principalmente pela necessidade de ter outra fonte de renda, ou de adquirir  independência financeira.

Um relatório divulgado este ano pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo (Sebrae ES) aponta que em 2017 e 2018, a proporção de mulheres empreendedoras que são “chefes de domicílio” passou de 38% para 45%. A atividade empreendedora passou a conferir às empresárias posição de protagonismo quanto à renda da casa. O percentual de mulheres na condição de cônjuge (quando a principal renda familiar provém do marido) caiu de 49% para 41% nos últimos anos, segundo o relatório.

As análises feitas pelo Sebrae mostram que as mulheres empreendedoras são mais jovens e têm um nível de escolaridade 16% superior ao dos homens. Entretanto, elas continuam ganhando 22% menos que os empresários, uma situação que vem se repetindo desde 2015, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2018, os donos de negócio do sexo masculino tiveram um rendimento mensal médio de R$ 2.344, enquanto que o rendimento das mulheres ficou em R$ 1.831.

Quanto à realidade capixaba, em 2018, o Sebrae ES analisou dados do empreendedorismo feminino no Espírito Santo através de pesquisa com as participantes do Prêmio Mulher de Negócios. Os dados não representam a totalidade do universo de mulheres empreendedoras no estado, mas apontam uma tendência.

As mulheres são maioria nos setores de comércio (52,95%), indústria (65,20%) e serviços (55%). Quando a pesquisa analisa apenas o perfil de mulheres empreendedoras, percebemos que quase metade delas investe no segmento de serviços (43,9%); 36,42% na indústria; 1,34% na construção civil e apenas 0,15% na agropecuária. Os dados são coerentes com a média nacional, que aponta que hoje elas representam 48% dos Microempreendedores Individuais (MEI) e atuam principalmente em atividades de beleza, moda e alimentação. Quanto ao local de funcionamento do negócio, 55,4% das MEI estão sediadas em casa.

A analista de capacitação empresarial do Sebrae, Marceliy Frassi Bridi, ressalta que um dos diferenciais das mulheres ao empreender é que elas buscam compreender amplamente todos os mecanismos e procedimentos que envolvem o negócio.

“As mulheres tendem a ser analíticas ao decidir empreender, além de estarem mais abertas a opiniões e dicas. De forma geral, a afinidade com determinado segmento aparece primeiro, de acordo com sua rotina e vivência, e então ela percebe naquela experiência uma boa oportunidade de empreender”, ressaltou.

Um bom exemplo entre as capixabas que resolvem empreender e se revelam grandes gestoras, é o da cabeleireira Débora Amorim. Ela começou com a atividade autônoma no quarto de sua casa e hoje tem um salão reconhecido e com uma extensa cartela de clientes no bairro Bubu, em Cariacica.

“Eu fiz um curso de cabelereira e percebi ali minha oportunidade de ter meu próprio negócio. Quando me formalizei, contei com a ajuda do Sebrae e fiz muitos cursos que me orientaram quanto à melhor forma de investir e cuidar do meu negócio. Tenho o salão há mais de 15 anos e só penso em evoluir”, afirmou.