Mansplaining, que vem do inglês, quer dizer algo como “explicação masculina”. Se aplica perfeitamente em casos nos quais um homem tenta explicar para uma mulher algo que ela domina mais que ele
Vamos imaginar uma situação juntas: você está em uma roda de conversa, surge o tema assédio em lugares públicos e, claro, como mulher você já passou pela experiência e então decide falar dela. Até porque, a discussão já se encaminhava para o quanto a roupa da vítima, a rua erma e o horário tardio podem influenciar um agressor, “deixar o cara tentado”, comenta um dos homens da roda. Pois você argumenta: “A culpa do assédio é apenas do autor do assédio”. E começa a narrar da vez em que dentro de um shopping de classe média alta de São Paulo, e em torno do meio dia, foi perseguida e intimidada por um sujeito engravatado que sussurrou no seu ouvido que “podia te chupar todinha”.
O mesmo homem que culpou a roupa da vítima te interrompe para falar “espera aí, nós também somos cantados, e tem mais: nem tudo é assédio. O que vocês fizeram com o flerte?” e continua, continua e continua. Inclusive, ele aproveita para citar um escritor que havia publicado sobre o tema no jornal de domingo e colocava o assédio no balaio do “o politicamente correto encaretou o mundo”.
A situação ilustrada tem nome e sobrenome: pode chamar de mansplaining com toques de manterrupting. Mansplaining, que vem do inglês, quer dizer algo como “explicação masculina”. Se aplica perfeitamente em casos nos quais um homem tenta explicar para uma mulher algo que ela domina mais que ele.
Manterrupting também vem do inglês e significa algo como “interrupção masculina”, que é basicamente quando uma mulher tem sua fala interrompida por um homem que acredita ter mais a dizer sobre o assunto do que ela. Neste texto, focaremos na atitude dos sujeitos que insistem em explicar as coisas para gente quando a gente já sabe delas. Mansplaining, então.
Se a popularização do termo pode ser atribuída a alguém, esse alguém é a escritora estadunidense Rebecca Solnit. Ela usou a palavra pela primeira vez em um ensaio que deu origem ao livro Os Homens Explicam Tudo para Mim (Cultrix, R$ 34, 208 págs.), publicado em 2008. Rebecca queria nomear uma situação vivida numa festa: um homem tentando lhe esclarecer do que se tratava um livro que ELA MESMA tinha escrito. “Os homens explicam coisas para mim, e para outras mulheres, quer saibam ou não do que estão falando” escreve na página 15. “São as ideias preconcebidas que tantas vezes dificultam as coisas para qualquer mulher, em qualquer área; que impedem as mulheres de falar e de serem ouvidas quando ousam falar; que esmagam as mulheres jovens e as reduzem ao silêncio, indicando, tal como ocorre com o assédio nas ruas, que esse mundo não pertence a elas”, continua.
Na internet, exemplos de mansplaining não faltam. No Twitter, @mari_fonseca contou sua história: “um desconhecido na farmácia já quis me explicar o que que era um AVC. Eu sou médica”. Na mesma rede social, @isasinay publicou seu top 3 dos temas que homens já tentaram lhe explicar: feminismo, Holocausto e terminologias de cinema. Isa é mulher, judia e estudante de cinema. Para a jornalista que vos escreve, um homem, não jornalista obviamente, explicou quando usar ou não erratas em textos jornalísticos. Perdoem a repetição, ela foi necessária para demonstrar o absurdo da situação.
O termo mansplaining está tão enraizado em nossa sociedade que até a própria Rebecca, uma reputada ensaísta com mais de duas dezenas de livros publicados em dezenas de países, se flagrou duvidando do seu conhecimento e pesquisando na internet dados sobre o movimento das mulheres pela paz (sobre o qual ela tinha procurado previamente) só porque algumas horas antes um homem a menosprezou, afirmando taxativamente que uma de suas teorias era mentira (não era).
O que é lugar de fala?
De acordo com informações do Google Trends dos últimos 12 meses, quando as pessoas pesquisam por mansplaining também fazem a pergunta “O que é lugar de fala?”. Bem, parece que estamos de fato entendendo o cerne da coisa. Uma mulher que discorre a partir de seu lugar de fala – ou seja, do alto de sua própria vivência a respeito do assunto em questão – precisa ser ouvida ao invés de ter suas palavras explicadas ou interrompidas, ainda mais por quem não têm na pele o conhecimento de causa que ela tem.
Verdade, o lugar de fala serve inclusive para os homens e deve ser respeitado quando convém. Porém, é importante lembrar que a expressão nasce no seio dos grupos marginalizados: mulheres, negros e LGBTs, por exemplo. E por isso faz tanto sentido, à luz do feminismo, usá-lo para desmascarar situações de mansplaining. Se uma mulher está falando de gravidez, aborto, estupro, de seu próprio corpo, de suas experiências, de seu objeto de estudo ou da profissão que exerce – só para citar alguns exemplos -, ouça-a antes de abrir a boca.
Somente manifeste suas opiniões se: 1, for um especialista na questão; 2, a mulher que está falando perguntou sua posição; 3, você é um tutor ou professor responsável pela transmissão dos conhecimentos que ela está expondo ou 4, caso ela não saiba sobre o que você pode acrescentar. Nessa última condição, pergunte antes se convém falar. A americana Elle Armageddon desenhou, literalmente, as condições mostradas acima. Traduzimos seu trabalho abaixo. A ideia é ajudar mansplainers a perceber quando é mesmo necessário explicar algo para uma mulher e quando essa ajuda pode ser dispensada.
“Mas então eu [homem] preciso exercitar o silêncio?” Isso, certinho. “Mas não seria repressivo, antidemocrático etc?”, um homem pode se perguntar. Não é bem assim. Insistimos em reeducar as pessoas sobre o mansplaining justamente porque o hábito é problemático – e não apenas para as mulheres, mas para toda uma sociedade que se queira justa e igualitária. Por trás do comportamento de explicar algo para uma mulher que ela já saiba está o desmerecimento do conhecimento dela. Se trata de tirar da mulher a confiança, a autoridade e o respeito sobre o que está falando. É enxergá-la como inferior e menos capaz intelectualmente. É diminuí-la. É machismo, dos piores, é abuso emocional, e que pode ser gatilho para outras violências.
Verdade, o lugar de fala serve inclusive para os homens e deve ser respeitado quando convém. Porém, é importante lembrar que a expressão nasce no seio dos grupos marginalizados: mulheres, negros e LGBTs, por exemplo. E por isso faz tanto sentido, à luz do feminismo, usá-lo para desmascarar situações de mansplaining. Se uma mulher está falando de gravidez, aborto, estupro, de seu próprio corpo, de suas experiências, de seu objeto de estudo ou da profissão que exerce – só para citar alguns exemplos -, ouça-a antes de abrir a boca.
Somente manifeste suas opiniões se: 1, for um especialista na questão; 2, a mulher que está falando perguntou sua posição; 3, você é um tutor ou professor responsável pela transmissão dos conhecimentos que ela está expondo ou 4, caso ela não saiba sobre o que você pode acrescentar. Nessa última condição, pergunte antes se convém falar. A americana Elle Armageddon desenhou, literalmente, as condições mostradas acima. Traduzimos seu trabalho abaixo. A ideia é ajudar mansplainers a perceber quando é mesmo necessário explicar algo para uma mulher e quando essa ajuda pode ser dispensada.
“Mas então eu [homem] preciso exercitar o silêncio?” Isso, certinho. “Mas não seria repressivo, antidemocrático etc?”, um homem pode se perguntar. Não é bem assim. Insistimos em reeducar as pessoas sobre o mansplaining justamente porque o hábito é problemático – e não apenas para as mulheres, mas para toda uma sociedade que se queira justa e igualitária. Por trás do comportamento de explicar algo para uma mulher que ela já saiba está o desmerecimento do conhecimento dela. Se trata de tirar da mulher a confiança, a autoridade e o respeito sobre o que está falando. É enxergá-la como inferior e menos capaz intelectualmente. É diminuí-la. É machismo, dos piores, é abuso emocional, e que pode ser gatilho para outras violências.
Para dar fim ao mansplaining e outros hábitos misóginos, às mulheres cabe a consciência do estrago para que possamos interrompê-lo, se essa for a vontade de cada uma. Dar as mãos para outras mulheres também é um caminho. “A sororidade como um dos recursos para mudar a realidade”, me disse uma amiga no WhatsApp.
Quanto aos explicadores, cabe a mesma consciência, autoanálise e o trabalho de não perpetuar a violência, mesmo que exija esforço. “Qual papel os homens devem desempenhar na luta pela igualdade de gênero?”, pergunta Rebecca. “Há momentos em que eles precisam se colocar e outros em que precisam recuar como todos nós – por exemplo, pessoas brancas falando sobre racismo, pessoas heterossexuais combatendo a homofobia. O que legitima especialmente os homens que odeiam e maltratam mulheres são os outros homens; não tomar parte nessa cultura no clube esportivo, no bar ou no local de trabalho, intervir contra ela, é uma forma simples de decência que todo homem pode ofertar”, ela mesma responde.
FONTE: https://revistamarieclaire.globo.com/
Acompanhe os outros vídeos por aqui ou em nosso canal no YOUTUBE:
https://www.youtube.com/channel/UCLIx1rjgMplQUrC_rboksVQ
——————————————————————–
Instagram: https://www.instagram.com/lidericaoficial/
Facebook: https://www.facebook.com/lidericaoficial
Blog: https://liderica.com.br/blog/
Tem mais dúvida? Comente aqui ou mande e-mail! contato@liderica.com.br
Vamos juntas!
“Porque somos muitas, mas somos ÚNICAS.”
Forte abraço,
Paula Dal Belo
Idealizadora da LIDÉRICA
Advogada por formação e empreendedora por vocação Experiência de 7 anos em multinacional e empresária desde 2004 Liderança Transformadora pela FUNDAÇÃO DOM CABRAL Liderança Feminina pela BABSON COLLEGE Liderança e Inovação pela HSM EDUCAÇÃO EXECUTIVA Liderança Feminina pela SPRINGBOARD Comunicação pela The School of Life / SP