Jennifer Fitzgerald cresceu achando que iria viajar pelo mundo em uma carreira internacional, mas acabou por atuar no ramo de seguros. Depois de trabalhar em grandes consultorias, ela e seu colega François de Lame fundaram, em 2014, a Policygenius, uma corretora de seguros online. Quatro anos depois, essa startup de Nova York tem mais de 10 milhões de dólares em receita anual (cerca de R$ 40 milhões na cotação do dia) e 52 milhões de dólares (R$ 208 milhões) em financiamento.

Chegar a esse patamar não foi fácil – pelo contrário, foi muito difícil convencer os investidores a colocar dinheiro na empresa. Quando ela e Lame decidiram deixar a McKinsey, consultoria onde trabalhavam, sabiam que precisavam de grandes somas iniciais porque teriam de contratar engenheiros de software para desenvolver o produto que queriam.

Em entrevista para a publicação norte-americana Inc.com, Fitzgerald contou sobre os erros, as decepções e em como teve de enfrentar o sexismo dos investidores. E avalia que seu principal engano foi não ter feito muitas pesquisas sobre o mercado em que ia atuar. “Víamos as empresas de seguro arrecadando muito dinheiro e achamos que isso era fácil de conseguir”. 

Depois de muitos nãos de investidores, chegaram a pensar em desistir porque não tinham um histórico empreendedor, estavam sem confiança e achavam que não se encaixavam no perfil que as empresas de capital de risco procuravam. Como alternativa, decidiram deixar de lado as venture capital e pedir dinheiro para amigos e familiares. A meta era levantar 1 milhão de dólares – mas chegaram a apenas 750 mil dólares, levantados junto a 50 pessoas.

Iniciaram a operação com uma equipe pequena – os dois fundadores e dois funcionários – e alguns clientes iniciais. Mas precisavam, para crescer, de mais investidores, e isso não seria possível de conseguir no círculo de amigos.

Foi aí que os problemas começaram a aparecer. Fitzgerald, CEO da empresa, mais velha em idade e mais sênior na carreira que o sócio, era ignorada nas reuniões de investidores – que só se dirigiam a ele. “Da primeira vez, nos 10 minutos iniciais de reunião, eu fiquei tentando entender o que estava acontecendo. Só depois me dei conta de que era porque sou mulher”.

Foram necessários cinco meses e muitos nãos até encontrar um investidor de capital de risco que acreditasse na Policygenious. Conseguir um apoiador abriu a porta para os demais, em um sistema que ela chama de “mentalidade de rebanho”: se um acredita na empresa, os outros também passam a acreditar.

Fonte: https://revistapegn.globo.com