Maternólatras são mães como eu… você, aquela vizinha que chora sozinha, aquela outra que escondida comprou a papinha Nestlé. A amiga que depois de um dia cansativo, comeu chocolate escondido no canto da cozinha, pra não dividir com os filhos. Nós somos o Lado B da maternidade, sem medo, sem neura, sem censura. VOCÊ É A MELHOR MÃE QUE SEU FILHO PODE TER, você que tem um corte desenhando a barriga, você que fez parto humanizado, você que amamentou ou aquela que deu Nam.

Representamos ainda aquela que comprou leite Cooper e no desespero colocou na mamadeira mesmo quando o filho tinha menos de 30 dias. Somos aquela que ouviu a avó e deu chá de camomila pra cólica, sentimos pena e demos água quando o bebê tinha apenas 4 meses. Nós não temos a fórmula perfeita, eu não sei o melhor caminho.

Eu sei que ser mãe é Hard, difícil pra CARALHO com todas a letras. Dá vontade de chorar, dá vontade de morder, da vontade de morrer de amor, dá vontade de se esconder. E meu gramado é todo falho, tem erva daninha, meu telhado é do vidro mais sensível e qualquer pedra estraçalha. Mas eu não tenho medo de assumir… a maternidade nua e crua, aquela que a revista Crescer não conta, que o comercial de margarina não retrata. Somos o que os livros não relatam, somos o dia a dia que você vive.

Não somos apenas as fotos contentes, sorrisos de facebook, somos o choro com ranho escorrendo, a birra no supermercado, a febre na hora de sair, somos a gorfada na roupa nova, o carro zero cheio de farelo, o jantar comunitário, a cama dividida, a vida amorosa escondida quase dentro do armário. Somos o peito que sangrou quando tentou amamentar, aquela que foi no curso de gestante mas não lembrou nada depois de parir, somos você!!!

Não sou a mãe ideal que só compra comida integral e só alimenta com o natural, meu filho toma suco mas minha filha já é refém da coca cola. Mas nem por isso eu sou menos mãe do que aquela que teve parto de Lótus. Ela é a melhor mãe do filho dela e eu sou a melhor mãe do meu. Somos a deep web da maternidade, eu não sou flores, aqui só tem realidade. Amor maior que o mundo, dificuldade à altura. Repudiamos o radicalismo e o preconceito.

No mercado, somos aquela na fila preferencial… lugar merecido, conquistado, tá, não precisa avisar, sei que meu cabelo tá bagunçado. Meu olho? Não apanhei, são só olheiras do sono atrasado. Na pizzaria eu como a pizza fria, de queijo borrachudo quase gelado, quente é a coca cola, saudade do gelo , copo suado.

Conheço a Dieta Dukan, Herbalife e tudo que foi inventado mas aqui o regime que pega é o que sobra no prato, o resto babado. Em casa sou a primeira a acordar, de manhã cedo, ainda escuro, acordo pra correr com a louça, por roupa na máquina, trabalho duro. Tenho sono, muito cansaço mas durmo tarde, aprendi tomar banho rápido e entender filme pela metade. Você me vê por aí, com unha quebrada e sapato baixo. A raiz tá mal pintada, a depilação, faz mais de mês que não faço. Não somos a teoria, lemos um livro num dia frio quando ainda tínhamos um lugar tranquilo, quando nossos filhos ainda residiam em nossa barriga, aprendemos, decoramos, juramos não gritar que nem a doida no shopping, viramos os olhos pra prima que não educa direito o filho e repetimos que com nossa cria isso não aconteceria. Sabemos que refrigerante faz mal, que o suco artificial é açúcar encaixotado, juramos que nossos filhos brincariam no quintal e não precisaria de babá televisionada. Mas não sabíamos que a maternidade não é uma prova oral, é uma prova prática com baliza dificultada, é fazer rampa sem freio de mão, a Via Dutra congestionada.

Sendo mãe aprendi que eles não são TCC com banca examinadora formada, é maratona de São Silvestre com obstáculos e sem água… é correr, tentar alcançar e no final perceber que não está nem perto da linha de chegada. Teoria é pra quando eu tinha tempo de me sentir culta, letrada, inteligente e diplomada. Maternidade não vê diploma e seu currículo não vale nada. Maternidade é a rotina, acordar com uma pesada.   Enaltecemos a MATERNIDADE… gostosa, cheirosa, com remela no olho e kilos sobrando. Nossa casa é bagunçada, tem brinquedo em todo canto da sala. Sente-se e aconchegue-se não sabemos o que estamos fazendo mas estamos fazendo da melhor forma que conseguimos.

Escrito por:

STEPHANIE BRASIL | CEO MATERNÓLATRA

Stéphanie Brasil é uma uma advogada sonhadora que o mundo corporativo não conseguiu segurar, blogueira e mãepresária. Apaixonada pela vida, louca pelos filhos, leonina convicta, autoconfiança muitas vezes é mais defeito do que qualidade, otimismo é a sua especialidade. Criou a rede colaborativa Maternólatra que visa o resgate social das mães.