Ela vendia brigadeiro por R$1 e hoje tem 700 mil seguidores

Basta ligar à TV, em qualquer horário, para se deparar com um algum programa ou quadro de culinária, seja em canal aberto ou fechado. Nos últimos anos, este formato tornou-se muito popular e alastrou-se também por outras mídias: há diversos perfis dedicados ao gênero em redes sociais e canais no YouTube. Como se tornar relevante em um cenário tão competitivo?

 

Tábata Romero encontrou um caminho na confeitaria. O canal que leva seu nome no YouTube, ao contrário do que comumente vemos, possui um conteúdo composto por receitas simples, que não exigem nível técnico prévio, grandes investimentos e, principalmente, mostra como e quanto cobrar pelos doces. Em um país como o Brasil, com mais de 13 milhões de desempregados, de acordo com o IBGE, os números do canal são expressivos: dos 720 mil inscritos Mais de 300 mil deles surgiram entre o ano passado e o primeiro semestre deste ano.

 

Das milhares de pessoas que assistem aos vídeos, 91% são mulheres, que se enquadram em algumas personas já identificadas por Tábata: “tem a mulher que está desempregada e precisa de dinheiro rápido. Outro grupo é o de mulheres que já tem um emprego, mas precisam de renda extra para realizar um sonho, seja viajar ou pagar a festa de 15 anos da filha, por exemplo; outras estão insatisfeitas com o rumo da vida profissional, como eu estava quando comecei; e por último, um perfil de mulher que tenho muito carinho, que são as que têm a vida financeira totalmente atrelada a do marido — elas não têm dinheiro para pagar o próprio corte de cabelo ou, como já me contaram, condições de se divorciar. Essa mulher me preocupa muito e tento sempre nos vídeos, nas entrelinhas, dar uma força para ela, porque ela está muito frágil”, conta.

 

E a youtuber tem tido sucesso em auxiliar outras pessoas. “Recebo diariamente mensagens de agradecimento. No ano passado, uma senhora veio do Nordeste para me ver em uma feira de confeitaria aqui em São Paulo. Ela chegou com simplicidade, calçando chinelos, se ajoelhou e me agradeceu. Disse que, graças aos vídeos, conseguiu vender os próprios produtos, e estava alimentando os filhos. Ela encarou longas horas na estrada, de ônibus, com a passagem que ela agora pode pagar. Essa cena me emociona só de contar”, relata.

 

O início de tudo

 

Formada em jornalismo, a youtuber começou a trajetória na internet depois de um período de insatisfação profissional, que causava idas semanais ao hospital por conta de crises de enxaqueca. “Em 2013, eu trabalhava numa agência, cuidando de redes sociais. Naquela época, muitas marcas não tinham Facebook ou Instagram, como hoje. E eu criei várias das que estão aí bombando. Mas eu era infeliz e ganhava muito mal — sem os descontos em folha, recebia R$ 1300 reais por mês. Desse total, a maior parte ia para o aluguel. Paralelo a esse sentimento de infelicidade, eu sempre sonhei em trabalhar com comida, seja qual fosse o tipo. Criei então uma página no Facebook chamada Marmita do Dia, em que eu postava o que levava de almoço para o trabalho. Era a parte mais feliz do meu dia — sair do trabalho e ir para casa pensando no que cozinharia para o almoço do dia seguinte”.

Nessas coincidências do universo, determinada noite, quando já se preparava para dormir, o namorado de Tábata (que hoje administra os negócios dela) fuçava um grupo de games do Facebook quando se deparou com uma mensagem de uma mulher perguntando se alguém ali sabia fazer bolo e falava espanhol. Na hora Tábata entrou em contato e foi convidada para atuar como assistente de cozinha em um portal de vídeos educativos. A proposta oferecia um frila de cinco dias, no qual ganharia R$ 1 mil. Pediu demissão e resolveu arriscar.

Doces na rua

Com o dinheiro que ganhou, pensou no que podia fazer para pagar os boletos e ter qualidade de vida. Primeiro, ela saiu buscando exercícios de coaching para entender qual era a sua jornada. “Tracei várias possibilidades para ganhar dinheiro com comida e cheguei a conclusão que devia fazer brigadeiros e vender na rua. Fui ao supermercado com R$ 20 e comprei todos os ingredientes necessários, o que resultou em 50 docinhos”.

Ela fez as contas e viu que se vendesse cada por um real, teria uma margem de lucro alta. “A escolha do valor foi essa porque não se encontra um docinho custando tão pouco na rua e, como é incomum as pessoas saírem com moeda, acabariam levando mais de um. No dia seguinte, coloquei os brigadeiros dentro de uma cesta, me vesti com a roupa mais bonita que tinha, um vestido florido, me maquiei”, ela descreve.

Outra estratégia foi a escolha do local: vendeu os doces na Avenida Paulista (tradicional centro financeiro da cidade de São Paulo), na hora do almoço. Na sua bancada, uma placa grande, com preço do produto. “Eu chegava 12h30 para pegar a primeira turma de pessoas que retornavam para os escritórios e permanecia até 14h30, quando voltava o segundo grupo que havia saído para comer. Nesse primeiro dia não foi fácil, suava de nervoso, mas no final havia vendido tudo”.

Com o dinheiro, Romero foi novamente ao supermercado e comprou material suficiente para produzir 200 brigadeiros. No dia seguinte, retornou para a Avenida Paulista. Mais solta, fez brincadeiras com os clientes para anunciar o produto e o baixo preço para adquiri-lo. Voltou para a casa com a cesta vazia novamente.

Sabor agridoce

Embora vender brigadeiros pelas ruas de São Paulo tivesse sido um sucesso — sem precisar trabalhar todos os dias, Tábata alcançou o objetivo de fazer R$ 2,5 mil por mês — nem tudo foi doce.

“Confesso que eu tive muita vergonha desse novo trabalho. Na época, eu não contei para ninguém e morria de medo de que conhecidos me vissem ali e pensassem que eu estava num subemprego. Mas eu gostava do que estava fazendo e tinha muito mais qualidade de vida. Determinado dia, uma senhora se aproximou de mim, comprou o doce e perguntou o motivo de eu estar trabalhando com aquilo, já que eu era tão nova, devia fazer um curso superior. Respondi que já tinha uma graduação e ela se chocou. Respondi a ela que eu estava bem, que aquilo me fazia feliz. E foi quando minha vergonha caiu, afinal, eu fazia R$ 200 por dia, quantas pessoas ganham isso em nosso país?”, fala.

Novo caminho

Devido a uns problemas familiares, a youtuber voltou a morar com os pais. Nesse tempo, ia esporadicamente ser assistente de cozinha na plataforma de vídeos educacionais. “Eu queria muito estudar cozinha, mas não tinha como bancar o curso. Aproveitei essa oportunidade para crescer. Colava em todos os chefes durante os intervalos para tirar dúvidas e questionar. Em datas comemorativas, pedia para que as pessoas me presenteassem com livros de culinária, para que pudesse me aprofundar. Foi assim que aprendi muito”, diz.

Durante esse período, relata, conheceu diversas confeiteiras que faziam doces incríveis, mas não tinham noção de quanto cobrar pelo produto, que não paravam para fazer contas exatas do quanto gastaram e qual era o lucro que poderiam ter. Também não sabiam identificar o público alvo. “Eu queria compartilhar com as pessoas a expertise que eu tinha. E com isso percebi que havia um vácuo no mercado. Foi quando comecei meu canal no YouTube”.

“Vai com medo, mas vai”

Era abril 2016 quando o canal Tábata Romero estreou na plataforma de vídeos. “Foi um início tímido, não sabia se não existia mercado ou a ausência de algo do tipo era porque alguém não havia tentado ainda”, revela. No meio do caminho, novas vergonhas. “Eu quem pagava o meu canal, já que tinha que comprar os ingredientes, os utensílios que não tinha. Também só tinha uma câmera e gravava na sala de casa. A qualidade não era muito boa, mas eu sabia que com o tempo e persistência melhoraria. Foi nesse processo de me expor na internet que entendi algumas coisas: eu tinha na cabeça a frase ‘continue postando’ e precisava passar por alguns constrangimentos, afinal, subir um vídeo para que apenas 15 pessoas assistam, sem estrutura adequada, é constrangedor. Começar dá muita vergonha, mas é uma barreira que precisa ser rompida. Percebo que muita gente quer pular essa etapa e, por isso, acaba desistindo”.

O público fala

Já consolidada, com parcerias, ministrando cursos e com novos projetos em andamento, Tábata recebe diariamente mensagens dos seus espectadores nas redes sociais. Entre os relatos, agradecimentos de mulheres que foram vender seus bolos de pote na rua e, com o dinheiro, conseguiram independência financeira para se sustentar e bancar um divórcio, por exemplo. Outras, realizaram o sonho de presentear os filhos ou viajar.

“Muitas mulheres me dizem que eu mudei a vida delas, e isso me emociona. A gente vive num país que, infelizmente, não possibilita que muita gente estude e se desenvolva como profissional. E por isso eu quis criar um canal para democratizar o conhecimento. Quero que meu público veja que é possível ganhar dinheiro além das paredes de um escritório, que nem sempre é fácil, mas dá para conquistar sua liberdade financeira”.

Mãos à massa

Entenda quem é o seu público.

  • “Não adianta fazer um doce caro e vender em uma comunidade sem poder aquisitivo para comprá-lo, por exemplo”, alerta.
  • Você pode aprimorar os recheios dos doces clássicos e por isso é bom ficar de olho em tendências.
  • Brigadeiro, trufa, pão de mel, brownie e bolo de pote são curingas para conseguir vender bem.
  • Não tenha medo do constrangimento social, porque para você chegar onde quer, precisará passar por essa fase.
  • Você não precisa de capital inicial, pois alguns doces são feitos com ingredientes que muitos de nós temos em casa. Então, não coloque a barreira financeira como limitante para preparar doces simples.

Fonte: https://www.uol.com.br/

 

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